domingo, outubro 02, 2011

Quero Chuva.



Por fim.No fim,gostaria de ir para algum lugar que chovesse,constantemente,por infinitas horas,dias,anos.Uma chuva fina sobre as plantas.Haveria de ter planta.Quero algum lugar de natureza,pois chuva sem natureza não é chuva,é outra coisa,sem precisão.Chuva com natureza é carinho ou afago ou ternura ou amor.



Não quero só o silêncio,quero silêncio com ruídos de chuva,fina,calma,como se diluísse o mundo aos poucos.Quero ver a chuva sobre o verde,vermelho,rosa,amarelo.Quero vê-la mesclando as cores,misturando a paisagem,assim como a poesia de Monet.



Chuva,para mim,são palavras caindo no chão,fertilizando o solo das ideias,lavando sentimentos impuros.Chuva,para mim,é a existência da vida,é a passagem do tempo,de maneira desritmada.






Quero chuva fina,fora de mim,dentro de mim,sobre mim.

Quero chuva fina sobre as estrelas,chuva de estrelas.

Quero ver a chuva sobre o sol,amarelo liquido,calor liquido.
Quero ver a chuva sobre meus olhos,quero chuva em meus olhos,quero chuva em meus olhos.

Eu,deveria ser chuva,eu deveria chover.Diluir,fazer crescer,deveria nascer e morrer sempre.

sexta-feira, setembro 30, 2011

Universo Musical ( Fotografias)




O ambiente está cheio,barulhento,incomodo,muito incomodo.




Pessoas falando sem para.Disparando palavras sem sentido e sem propósito algum,e eu aqui.E eu brilhando.




Todo mundo se fecha,seja em seus grupos,seja na sua solidão.




A moça olha pela janela;será que sonha?será que sofre?será que sente?Quando interrogada ela sorri e acena.Será que deseja sumir?Acho que deseja algo mais.Assim como todos os nós.




Dentro desse quadrado fechado,me encontro bem no meio,as grandes possibilidades dançam ao meu redor.E eu quando interrogado,sorriu e aceno.




A vida é cheia de fotografias,as pessoas é que não percebem,elas não notam nada.Mas para algumas as fotos brilham e se fazem perceber,essas pessoas são as privilegiadas.As fotos ... me perseguem e muitas vezes sem saber vou aceitando e colecionando.




O que faz de um simples caminhar,de uma parede,de um chão,uma fotografia?Quase sempre a luz e o universo musical.




A música é tão bela,sublime.tão livre,ela dá tons para cada momento.Com música vivemos tudo bem vivido.








Ao sair do quarto sufocante em direção a água,fui passando por um nada,como num deserto,era areia,todas as paredes eram a areia.O chão era objetivo,era todo preto no branco,todo quadrado.Haviam dois pontos de luz,a fresta do dia pela janela e eu,que brilhava,tudo brilhava em mim.




A escuridão mesclava-se com a luz,assim da mesma maneira que acontece dentro da gente.Era vida,montando mais uma vez seus espetáculos cinematográficos,suas fotografias,e não foi em vão,ali havia um espectador a observar.A arte da vida sempre alcança seu publico,mesmo que ele seja formado por apenas um bom rapaz,a vida é uni presente.




Dentro daquele universo,outra coisa me tocava:A música,a beleza das notas,dos tons,dos instrumentos que transformavam aquele momento em algo particular,só meu,todo meu,tudo meu.




É deslumbrante o quanto a música pode transformar os universos,ou melhor um universo único,onde o detalhe possui mais valor que o todo.Universo único onde a gente se esquece do todo sem se lembrar que esqueceu e apenas sorri,apenas chora,apenas os dois.Ali o feio não existe.

quarta-feira, setembro 21, 2011

Quando viro meus olhos para dentro,istantaneamente um mundo gira e um outro para.
Esse que gira é bem colorido,bem mais vivido,pois há vida.Há o calor dos corpos,o sorriso fraterno,gentileza,apreço,carinho.Esse que para é o mundo constante,do qual eu faço parte,no qual as coisas existem por concreto.Esse é mesmo todo feito de pedra,sorriso de pedra,cumprimento de pedra,desejo de pedra,sentimento de pedra é petrificado.
No que gira,as lágrimas correm soltas em forma de poema,há o cuidado,o importar-se,o esquecer-se de si para lembrar de outro.Todos somos filhos de todos.
No de pedra tudo passa,passa... Passa diante de nossos olhos.Tudo nos escapa,nada,enfim,é nosso.Enquanto que naquele que gira no decorrer de algo sublime ele para,estouram-se os fogos de artifício,o olho fotografa e o corpo escreve cada detalhe.
Pedras,caminhamos por entre pedras,uma vez ou outra por cima de córregos de dor.Tudo é sujo,a linguagem é suja mal se vê.O que é sublime passa,escorrega.As pedras riscam nossa face,desenham em nossa face: lábios para baixo,sobrancelhas comprimidas e caídas,corpo mole,pensamento que não se prende e raramente em momentos de distração,faiscas que nos despertam,nos provocam para algo novo.
Já no momento em que me encontro no mundo giratório,meus olhos brilham,meu coração arde,é o império dos sentidos,é o silêncio,é o som,o gosto,o desvendar, o não mistério,o explicito.E meu coração arde,arde boquiaberto.
Ah,Platão que sempre esteve certo,existem sim um outro lugar que não é aqui.O aqui é uma sombra,o aqui é um espectro,no fundo nada.
Esse lá é que é verdadeiro,que é completo,que é original.Onde predomina o império do bem em uma hierarquia de valores justos.Esse lá me encanta e sempre que posso viajo para lá,para lá,lá e me perco,e passo a vagar,completo,e passo a fazer poema,de pura grandeza.E lá,por fim,é o perfeito,onde até o desastre é justo,proposital,um conector.
E o que falar de mim?Posso falar que meus ossos,órgãos,veias,são como celas para algo que reside em algum lugar dentro de mim,onde não se pode chegar,não há mapa,na verdade não há nem o caminho.Algo que me conecta a esse mundo giratório.E talvez,um dia,quando essa coisa se soltar,de vez,eternamente,eu vá para lá,lá,lá... Onde tudo é arte.LÁ.

terça-feira, setembro 20, 2011

Eu Dissemino os Meus Desafetos

No final do dia apagado,após uma insistente procura por algo concreto dentro de mim,algo que nunca se constroe,conceitos que nunca se fecham,uma coisa ficou clara ou não tão obscura.
Descobri que para mim,nem tanto o céu nem tanto a terra.Que haja amor!ternura,intimidade,afeto.Mas que ódio se faz necessário,a frieza,distância e o desafeto.
Quem foi que disse que nós fomos feitos de carinho?
Muito pelo contrário,carinho é um negócio que deve ser tratado como pérolas,e definitivamente pérolas não devem ser dadas aos porcos.Nós sabemos que no fundo,retemos com nervos de aço toda fúria que nos surge diante de um olhar de reprovação ou descaso,apenas para assegurar a efêmera doçura que ocasionalmente venha surgir da mão amiga.
Abrimos mão de nossos impulsos mais primários,pelo simples ou complexo fato de que eventualmente reconheçamos algo positivo nosso na face desse ser indispensável que é o outro.E por isso mesmo,acho justo,acho digno,acho certo de minha parte(E se me acho,é certamente porque não estou perdido).
Eu dissemino os meus desafetos!Trato-os muito bem,sempre muito cuidado,um cuidado atencioso.Gasto parte do meu tempo e as vezes reservo todo ele para a dúvida,para o porquê.Por que desafetos?por quê?Por que tanto cuidado?
Quando vejo um desafeto é como se colocasse um espelho em frente a minha face.Vejo o que eu sou.Vejo tudo de negativo que nele há e que não há em mim,tudo o que há nele e que hpa em mim,tudo que em mim há e que não há nele.Formamos um paralelo,espelhos que transmitem a humanidade existente em mim e consequentemente nele.
Mas se tratando de nós mesmos,nada é muito sim e nada é muito não.O procedimento também ocorre em relação aos afetos,na maioria das vezes nós amamos quem amamos simplesmente pelo que hpa neste outro e que não há em nós.Vivemos se mostrando,se abrindo por todos os cantos,se solidarizando,e projetando nossos desejos nas vidas dos outros.
E se é para irmos fundo,é bom que tiremos os tapetes.Porque no chão de cimento(que nunca é solido)todo afeto é um desafeto e todo desafeto é um afeto.Infelizes somos pois nunca conseguimos nada por completo.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

DECRETO DE UM SONHADOR QUASE FELIZ





Minha cabeça.Cheia de cores.Pessoas imaginárias.Momentos imaginários.
Minha cabeça.Uma mala sem fundo.Vou preenchendo.Porém o espaço nunca se comprime.No externo tudo é cinza.
Minha meta.Trazer o colorido pra fora.Pelo menos uma parte dele.São tantas pessoas imaginárias.Eles fazem parte de mim.
Quero ter eficiência.Quero praticar.Pois praticando se chega a perfeição.Meu alvo é a perfeição.Espero que nunca chega lá totalmente.Quero colocar um dos pés por lá.Pois eu sei.Sei que se colocar os dois minha vida não terá mais sentido.Essas pessoas?Essas pessoas estão aqui,se revirando dentro da minha cabeça.Lutando para saírem.E elas vão.Vão se apropriar do meu rosto de borracha.E quando este evento acontecer,todas as cores vão se tomar conta da minha vida.

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Qual é o parasita mais resistente?




Qual é o parasita mais resistente? Uma bactéria? Um vírus?
-Não.
Uma idéia! Resistente e altamente contagiosa. Uma vez que uma idéia se apodera da mente, é quase impossível erradicá-la. Uma idéia que é totalmente formada e compreendida, permanece.


Refletir:

Cobb - Eu não posso ficar com ela porque ela não existe mais.

Mal - Eu sou a única coisa em que você ainda acredita.

Cobb - Eu gostaria. Eu gostaria mais que tudo. Mas eu não posso imaginá-la em toda a sua complexidade, toda a sua perfeição, toda a sua imperfeição. Olhe pra você. Você é só uma sombra da minha esposa verdadeira. Você é o melhor que eu posso fazer; mas sinto muito, você não é boa o suficiente.




“Sonhos parecem ser reais quando estamos neles, só quando acordamos que percebemos que algo estava estranho.”

terça-feira, fevereiro 01, 2011

O Menino E a Tempestade


A parede branca,amarela,branca,amarela,o sofá,a TV,computador,o radio.É cinza,é cinza,é parado,silencioso.Tudo desligado.

O menino,olhos abertos,deitado no chão,fazendo do teto branco o seu reflexo.A sensação de ser a mistura de tudo,mas aparentando ser nada.Sem graça,sem vida,aparentando na verdade o não ser.

Zero,a marca é o zero.O zero,ponto inicial,sua vida está no inicio,o menino se sente pronto para viver,pronto para acontecer,porém não vive,porém não acontece.E dentro desta casa nada pode o surpreender,pois só lhe resta o eco,que é apenas a repetição,a confirmação do nada.

O menino olha curiosamente cada parte do comôdo,esperando a surpresa.Mas nada acontece,a não ser a agonia.O pobre garoto agora parece descobrir que não sente,não ri,não chora,não tem ódio,não tem amor e nem história.Já pensou no amor,no perdão,na justiça,na politica,na alma.Mas só pensou,sua pobre alma,não chora.

Ele pensou em Platão,imaginou o filósofo discorrendo sobre tudo que acredita.A Alma,o menino refletiu sobre a alma,que segundo Platão são três: a alma racional,a alma do impétuo,a alma do apetite.Razão,emoção,impulso.

Mas o menino não entende o porquê de sua alma não ser viva,o pobre não sabe que dentro daquele quadrado em que se encontra,a razão,a emoção,o impulso não podem ser exercidos.Então de repente gritou:

----- AAAAAAAAAAAAAAAAAH!

E logo em seguida ouviu um barulho...Era o trovão.O menino viu que essa era sua hora,sua oportunidade de fazer com que algo aconteça,calçou o ténis vermelho,pegou seu guarda-chuva preto e saiu correndo pela rua vazia,calma,cheia de árvores cheias de folhas,respirando,vivendo.Já chovia e o menino sentia que alguma coisa estava acontecendo,algo estava se transformando.A chuva forte caindo e constante confronto com o vento.

Em seguida o vento levou seu guarda-chuva tão rapidamente que o menino sorriu.Aí o mundo girou;girou no momento em que água começou a invadir seu corpo e passar por cada parte.Foi ali que o menino foi surpreendido com a alegria de saber que estava vivendo.

A tempestade forte,rigorosa,agitada,mudou sua vida,o fez sentir.O menino sorria,chorava,sorria,chorava,girava,sorria,chorava e cai no asfalto.E se sentiu satisfeito,e se sentiu belo,e o melhor:sentiu seu coração bater,o que não sentia a muito tempo.

Por fim,o menino sentou na calçada,as lágrimas se misturavam com a chuva e o sorriso com os trovões.O menino agradeceu e deu viva a tempestade inúmeras vezes.Viva,viva,viva.Viva o menino e a tempestade.

Já parou para pensar do que os pensamentos são feitos? O que estamos vendo, as crianças de hoje, são sinais de que a cultura está no caminho errado e não se aprecia o poder do pensamento. Todas as épocas e gerações têm suas próprias suposições. O mundo é plano, o mundo é redondo, etc.

Existem centenas de suposições que acreditamos ser verdadeiras, mas que podem ou não ser verdadeiras. Claro que historicamente, na maioria dos casos não eram verdadeiras. Se tomarmos a história como guia, podemos presumir que muitas coisas em que acreditamos sobre o mundo podem ser falsas. Estamos presos à certos preceitos sem saber disso.

É um paradoxo.

O materialismo moderno tira das pessoas a necessidade de se sentirem responsáveis. Assim como a religião! Mas eu acho que se você levar a mecânica quântica a sério, verá que ela coloca a responsabilidade nas nossas mãos e não dá respostas claras e reconfortantes. Ela só diz que o mundo é muito grande e cheio de mistérios. O mecanismo não é a resposta, mas não vou dizer qual é a resposta, pois vocês têm idade suficiente para tomarem suas decisões
.

Somos todos um mistério?

Somos todos um enigma?

Certamente somos.

Fazer essas profundas perguntas a você mesmo abre novas formas de ver o mundo, traz uma renovação. Faz com que a vida seja mais prazerosa. O verdadeiro truque na vida não é ser conhecido, mas sim ser um mistério.

quarta-feira, janeiro 26, 2011

O Submundo Paralelo

Submundo:Conjunto de marginais e delinqüentes que o constituem
Paralelo:¹Diz-se de linhas ou superfícies eqüidistantes em toda extensão.²que progride na mesma proporção³inform.Relativo a transferência ou processamento simultâneo das diversas partes ou unidades de um conjunto de informações.Cada um dos círculos menores de um esfera celeste perpendiculares ao meridiano.Comparação,confronto.
(Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.Aurélio)

Mas O Submundo Paralelo não se resume apenas na junção destes dois significados.O Submundo Paralelo se resume simplesmente a nós.Pois somos os delinqüentes,os marginais e fomos esquecidos;esquecidos por todos e a nossa sina é andar pelas ruas ,calçadas,estradas,becos e plataformas apenas para tentar preencher esse vazio,esse esquecimento e somos maus porque fomos abandonados na maternidade.A humanidade esqueceu dela mesma.
Hoje vivemos o nosso esforço,nosso suor,nossa força e somos carrancudos e rabugentos pois sabemos que o ouro matou a gentileza.Ninguém ora por ninguém,ninguém chora por ninguém e ninguém se interessa por ninguém.
Esta calamidade fez com que cada um de nós se tornasse um submundo,uns paralelos aos outros,processando diversas partes ou unidade de um CONJUNTO.
Cada um com seus segredos,suas maneiras,se escondendo no coletivo,que na verdade não passa de uma mentira.
A proposta aqui é aprumar nosso telescópio sobre o mar do social,da arte e da filosofia e tentar apontar os diversos submundos paralelos existentes ao nosso redor.

ESSE É O SUBMUNDO PARALELO

Mark Douglas.